Não te amo como se fosses rosa de sal...
Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou seta de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.
Amo-te como a planta que não floriu e tem
dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.
Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te directamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.
Pablo Neruda
5 Comments:
Lindo, Richie, perfeito... Sou uma fã incondicional do Pablo Neruda, alguém que, como nós, bebia das suas experiências da vida para escrever. A única diferença é que ele criava arte, eu sou apenas uma mera aprendiz. Acho que o nosso dilema no amor é sempre este, se existirmos por nós e sermos algo mais, diferente, com o outro, ou deixarmos que ele nos metamorfoseie, como se de um camaleão versátil e quase sem identidade própria se deixasse moldar. Difícil, encontrar um equilíbrio mutuamente rico e saudável. Obrigada pelas palavras sempre doces, talvez nas férias, com a paz interior a regressar a inspiração seja maior para algo mais complexo e contínuo. Já tinha saudades das tuas visitas!
Beijo grande,
Rita
Não tens nada que agradecer, só mesmo tu para um gesto desses ;) É um prazer, mais do que isso, é um privilégio. Obrigada eu! Não te preocupes com a retribuição, basta escreveres.
Beijinho*
Agradeço as tuas palavras tão simpáticas, tentarei não desiludir os que vierem até às Margens do Sonho :o)
Quanto a ti Rita, lá estarei a ler-te regularmente e a acrescentar algumas palavras às tuas. Fica a promessa. Gosto realmente de te ler.
Beijinhos
Eu não sou de fanatismos, sinceramente nem sei bem do que sou, mas AMEI este poema... senti-o quase como se fosse escrito de alguém para mim...
AMEI mesmo...
Aleisa,
Acho que entendo bem o que dizes, pois para além de ser um poema belíssimo é, realmente, uma sublime declaração de AMOR.
Noto aí uma grande sensibilidade :o)
Beijinhos
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