Segredo
Esta noite morri muitas vezes, à espera
de um sonho que viesse de repente
e às escuras dançasse com a minha alma,
enquanto fosses tu a conduzir
o seu ritmo assombrado nas trevas do corpo,
toda a espiral das horas que se erguessem
no poço dos sentidos. Quem és tu,
promessa imaginária que me ensina
a decifrar as intenções do vento,
a música da chuva nas janelas
sob o frio de Fevereiro?
O amor ofereceu-me o teu rosto absoluto,
projectou os teus olhos no meu céu
e segreda-me agora uma palavra:
o teu nome - essa última fala da última
estrela quase a morrer
pouco a pouco embebida no meu próprio sangue
e o meu sangue à procura do teu coração.
Fernando Pinto do Amaral
2 Comments:
Não conhecia este poema... muito bonito! :)
Paradigmático da ideia de estar nas margens do sonho...
A última parte é forte. Talvez porque, em termos simbólicos, o sangue seja o que temos de mais representativo daquilo que é visceral, vivo.E que, como tal, anseia sempre por mais.
:)Bjinhoxx
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